terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Psicologia da Educação

De uma forma reducionista, Psicologia Educacional pode ser definida como o ramo da psicologia que compreende as diferentes vertentes do processo ensino/aprendizagem, nas crianças e adultos (Psicologia Desenvolvimento), bem como o sucesso das estratégias educacionais.
A psicologia educacional procura igualmente estudar o funcionamento da própria instituição escolar enquanto organização, estudo este que se cruza com a psicologia social.
Existem outras denominações que são adoptadas por diversos autores mas que não se identificam totalmente com a psicologia educacional (psicologia pedagógica, psicologia da aprendizagem ou psicologia escolar).
Para compreender melhor o conceito ou definição de psicologia educacional ou psicologia da educação, é conveniente definir outros termos que estão inerentes a esta: Psicologia, educação, e pedagogia.
Psicologia pode ser definida como ciência ou tratado (logos) da ’alma’ ou do ’espírito’ (psychê), ciência da personalidade, do comportamento, dos processos mentais, do inconsciente, etc. Não é indiferente uma definição de tendência personalista, behaviorista, cognitiva ou psicanalítica, entre outras, pois as diversas escolas ou correntes de psicologia terão também diversas concepções de educação, a ponto de podermos parafrasear o ditado: ”diz-me que psicologia usas e dir-te-ei que psicologia da educação ou que educação fazes”.
O termo "Pedagogia" remete-nos para uma perspectiva normativa, uma perspectiva filosófica, a primeira abordagem que se afasta de uma abordagem descritiva e objectiva. Etimologicamente, pedagogia, significa acção de conduzir a criança. Embora os gregos já utilizassem o termo ”pedagogo” (escravo que levava a criança à escola), o vocábulo “pedagogia” parece que só começou a ser usado em finais do séc. XV, tornando-se corrente em meados do séc. XIX.
Devido à necessidade de cientificação da educação que se tem vindo a impor ao longo dos tempos, esta abordagem esta a ser substituída pela expressão “ciência(s) da educação”.
Esta substituição terminológica deve-se às diferenças conceptuais quanto ao modo de encara o estudo dos fenómenos educativos.
O carácter restritivo equivoco e limitativo do termo Pedagogia é ampliado, se entendermos o seu sentido etimológico, remete para a criança, dando lugar a neologismos (androgogia, antropagogia, psico-androgogia) e a um léxico tópico (pedagogia de adultos, pedagogia de ensino superior), em relação a sua extensão, há outras fachas etárias e, ainda, nos remete para uma associação entre os termos Pedagogia e Didáctica (Avanzini, 1976.). Esta assimilação levou à separação e completa distinção entre, Ciências Pedagógicas e Ciências da Educação, sendo as primeiras consideradas como um campo mais limitado, que se reporta à pedagogia, aos métodos e meios para assegurar a educação (Debesse & Mialaret, 1974).
Etimologicamente o vocábulo ”educação” deriva do latim expressando a ideia de chefe, guia (dux). Em educere prevalece o sentido de auto educação (movimento de dentro para fora) e em educare (donde deriva mais directamente ”educar”) o de hetero-educação (de fora para dentro). Na antiga Grécia o escravo (pedagogo) conduzia a criança à escola.
O vocábulo ”Educação” parece ter surgido no séc. XIV e era usado nas ”educações dos príncipes”, mas até ao séc. XVI predominava a aplicação do termo à criação de animais e cultivo de plantas.
Com o passar dos anos o conceito de educação sofreu um aumento de perspectivas, quer no tempo quer na idade, para quem se dirige. Este conceito torna-se mais amplo quer ao lugar e ao espaço (família, escola, grupo), aos conteúdos (educação física, psíquica, cognitiva, afectiva, volitiva, social, ética, ecológica, transcendental - educação holística) e aos métodos (mais ou menos activos, usando as novas tecnologias, como os meios audiovisuais, informáticos, etc.).
Desta forma a percepção do objecto de estudo da psicologia educacional torna-se mais facilmente compreensível. Contudo, para um melhor entendimento deste conceito achamos pertinente apresentar os motivos da sua designação.
Uma questão presente em todo o campo de estudos prende-se com a sua designação. Se a expressão psicologia pedagógica, enquanto designação de uma subdisciplina específica da psicologia, surge, pela primeira vez, em 1899, no título de uma revista fundada por Kemsies (Hillebrand, 1974), na década anterior, em 1886, era publicado, por Hopkins, o primeiro livro conhecido com o título Education Psychology (Coll, 1988; Glover & Ronning, 1987). Partimos, assim, de uma dupla designação para esta disciplina, existindo alguns autores que manifestam uma preferência pela designação psicologia pedagógica ou psicopedagogia, reconhecida como mais ligada ao “vocabulário da psicologia e das ciências da educação vigente nas línguas românicas”.
Podem, ainda, aduzir-se outras razoes ou motivos para a adopção da designação de psicologia da educação, em detrimento da de psicologia pedagógica, a começar pela própria historia do termo pedagogia e pelo seu carácter equivoco e restritivo. A expressão psicologia da educação colhe vantagens, revelando-se mais abrangente, ultrapassando esta distinção e libertando-a de uma adesão restrita às instituições e situações escolares (Gilly, 1981/82; Piolat, 1981/82). Contudo, devida às múltiplas concepções disciplinares possíveis a serem reportadas desta mesma designação, defrontamo-nos com o problema da busca simples e objectiva do seu objecto, quer para evidenciar a especificidade do respectivo campo teórico-conceptual quer para situar esta disciplina em relação aos domínios vizinhos.
A adopção de uma definição de psicologia da educação, que delimite o seu objecto, não constitui uma tarefa fácil, ainda que possam encontrar-se definições simples, que correm o risco de ser reducionistas. Depois de uma análise de subscritos, concluímos que são inúmeras as definições atribuídas e que dificilmente poderá haver uma generalizada já que não se avista consenso. Esta psicologia passa por uma posição intermédia que a caracteriza como uma disciplina ponte entre a psicologia e a educação, a que estão subjacentes diferentes opções epistemológicas (Coll, 1988).

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